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Notícias
JAN
02
02 JAN 2019
SAÚDE
50 anos dedicados à Medicina
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Na Unidade Básica de Saúde (UBS) Icaivera, localizada no distrito sanitário Vargem das Flores, a saída, no ano de 2017, de um médico muito querido pela comunidade, o pediatra e Médico da Família Airton Rogerio Barbosa, causou apreensão em gestores, equipes profissionais e usuários assistidos.

O motivo é que o médico atuou na unidade por cerca de três anos e formou vínculos muitos importantes para a interação entre comunidades atendidas e profissionais de saúde. E com a ampliação dos Núcleos Ampliados de Saúde da Família (NASF-AB) que ocorreu a partir do ano de 2017, o médico, pediatra experiente, foi direcionado para o atendimento especializado.

A formação de vínculos é fundamental para o acolhimento e a escuta qualificada dos usuários, de forma a detectar necessidades de saúde da comunidade e propor intervenções que influenciem os processos de saúde-doença dos indivíduos e das famílias. É isso o que preconiza a Portaria nº 2.488/2011, que aprova a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB).

O médico Airton já atuou em inúmeras unidades de saúde do município e atualmente é referência em pediatria no Centro de Apoio da Saúde da Família (CASF), prestando também apoio em outras equipes de Saúde da Família, como na própria UBS Icaivera. “E independentemente da unidade onde o doutor Airton atue, ele sempre forma vínculos fundamentais para a efetivação das políticas de saúde do SUS, com muita disposição e vigor”, afirma o ex-diretor do distrito sanitário Vargem das Flores e atual superintendente da Superintendência de Urgência e Emergência (SURG) da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Flávio Luiz dos Santos.

O pediatra e de Médico da Família Airton Rogerio Barbosa exerce a medicina há 50 anos. Este senhor de 77 anos, cheio de vida nos olhos e disposição para trabalhar, comemorou 50 anos de formado em 2018, ano em que também foi homenageado pela Câmara Municipal de Contagem. Ele tem muitas histórias para contar em cinco décadas de evolução do sistema de saúde brasileiro e aceitou dividir algumas delas na entrevista que segue abaixo, feita na UBS Darcy Ribeiro, onde ele também atua.

Confira:

Quando você começou no ofício da medicina?

Eu me formei na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UERJ) e no ano de 1981 vim para Belo Horizonte. No Hospital Padre Anchieta, na Pampulha, comecei a trabalhar naquele mesmo ano, e lá estou até hoje. Minha esposa também trabalha lá, ela é psicóloga, e com toda a minha a carga de trabalho, isso ajuda a podermos nos ver. Também trabalhei por 25 anos no Hospital da Baleia como pediatra, tendo me aposentado nessa instituição no ano de 2001. Nessa época, fiz o curso de Médico da Família da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Quando você começou a trabalhar em Contagem?

Na rede SUS/Contagem, fui aprovado em concurso em 2003. Há aproximadamente cinco anos, fui aposentando compulsoriamente (risos), mas isso não me impediu de seguir trabalhando, pois permaneço como médico até os dias de hoje. O que mudou foi o tipo de vínculo com a secretaria.

Você tem praticamente sete décadas de vida e já se aposentou duas vezes, uma delas compulsoriamente (trata-se de um tipo de imposição legal que obriga o trabalhador a afastar-se do posto de trabalho em virtude de fatores como a idade). O que o leva a seguir trabalhando até hoje?

Vontade de trabalhar e necessidade de trabalhar. Já passei por necessidades nessa vida. E tenho exemplo familiar também: meu pai foi contador até os 96 anos (risos)! Enquanto eu estiver com a cabeça boa, eu vou trabalhar. Vi vários colegas médicos que pararam de trabalhar e adoeceram, morreram. Eu tenho 77 anos e não tomo medicamento nem para pressão. Tento levar uma vida saudável, praticando esporte, fazendo pilates. O pessoal diz: “você deveria estar aposentado”. Mas eu não daria conta. Eu gosto de fazer o que faço. Estou vendo que sou útil a alguma coisa.

Em 50 anos de profissão, o que você viu em termos de avanço na saúde pública do Brasil?

Um avanço muito grande. Quando comecei lá na (Hospital da) Baleia, que é até hoje um hospital de referência, chegava paciente grave vindo do interior de Minas depois de percorrer mais de 400 quilômetros de distância. Os pacientes chegavam muito graves. Naquela época, chegava muita criança em estado grave por causa do sarampo. Hoje, melhorou demais. Mesmo que, em 2018, o Brasil tenha enfrentado dois surtos de sarampo nos estados de Roraima e Amazonas, os casos confirmados da doença estavam relacionados a um vírus que circula na Venezuela e foi que “importado” para cá. O fato é que desde 2016 o Brasil tem o certificado de eliminação da circulação do vírus do sarampo, concedido pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). A taxa de mortalidade infantil no Brasil há 20, 30 anos atrás era altíssima. Mas ela caiu 75% entre 1990 e 2012, de acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado em 2013. Todavia, mesmo no início da década de 2000, as coisas ainda eram muito complicadas. Lá na UPA Nova Contagem (atualmente, Vargem das Flores), tinha vez que chegava paciente e a gente não sabia o que fazer, por causa da falta das condições, de tudo. Hoje, eu posso dizer que a saúde pública é excelente! Tem problemas, claro, mas tem muito mais avanços.

Que destaques positivos e negativos você apontaria sobre a atual gestão na área da saúde?

As Unidades Básicas de Saúde (UBS) foram progressivamente ficando muito mais estruturadas. Por exemplo: em Nova Contagem, existem 16 unidades de saúde na região, que está muito bem amparada em termos de equipamentos públicos de saúde. Para os atendimentos especializados, ainda existe dificuldade, é preciso reconhecer, mas, aqui em Contagem, nem vejo tanta dificuldade em relação à Atenção Especializada. Por vezes, se você for a um hospital conveniado, você vai ter de esperar por mais tempo do que em uma unidade 100% SUS. Aí, se o seu caso não for grave e você procurar por uma urgência, vai ser classificado como azul (não urgente) e vai ter de esperar do mesmo jeito. Mas eu acho que as pessoas estão aprendendo a usar o SUS, a entender os fluxos e a lógica de rede hierarquizada. É claro que há diferentes realidades do SUS no país, que é muito grande. Em outros locais, como no interior do estado e em algumas regiões, como o Nordeste, as coisas podem ser bem diferentes: piores.

O que você diria aos novos médicos que estão chegando? Indicaria o trabalho em saúde pública? Por quê?

A medicina ficou muito elitizada. Antes, só tinha universidade de medicina pública. Hoje, uma mensalidade em faculdade privada de medicina chega a custar de R$ 7 a R$ 8 mil. Não é qualquer um que pode arcar com isso. E quem entra nas federais é quem estava nos melhores colégios. Hoje existem cotas, e eu acho isso um instrumento muito justo. Além disso, acho que o pessoal que estuda medicina tem que estar mais bem preparado para lidar com medicina pública. Não digo que tenha que haver obrigatoriedade, mas algo nos moldes dos internatos, por exemplo, um internato por algum período em uma Unidade Básica de Saúde (UBS).

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